terça-feira, 8 de outubro de 2019

Guia Básico para Cubesats

Em 1999, Jordi Puig-Suari, da California Polytechnic State University, e Bob Twiggs, da Stanford University, propuseram um modelo de satélite de pequeno porte que segue um padrão mais simples. Com isso, seria possível evitar os altos custos e longos períodos de desenvolvimento dos tradicionais satélites, permitindo que alunos das universidades tivessem a oportunidade de participar de um projeto espacial completo. Dessa iniciativa, nasceram os CubeSats.


Alén Space

Esse termo é um acrônimo formado pela palavra cube (cubo, em Inglês) acrescida das três primeiras letras da palavra satélite. O termo é usado para designar um satélite de pequeno porte, em forma de um cubo, cujas arestas medem 10 centímetros e que obedece ao padrão CubeSat, o qual é descrito por uma especificação de domínio público (CubeSat Design Specification Rev. 13 - The CubeSat Program, Cal Poly SLO).

Um cubo desses, ou uma unidade CubeSat (1U), tem um volume de um litro e sua carga útil pode ter massa de cerca de 1,3 quilogramas (kg), contra os mais de 1.000 quilogramas de um grande satélite. Essas unidades podem ser combinadas para formar satélites maiores (2U, 3U ou 6U, por exemplo).

CubeSats. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2018.

A padronização do CubeSat abre a possibilidade de usar peças eletrônicas comerciais, reduzindo consideravelmente os custos dos projetos de engenharia e desenvolvimento do CubeSat em comparação com outros tipos de satélites. Com custos menores e a possibilidade de se encontrar componentes comerciais comuns, já no padrão Cubesat, o interesse por satélites saiu do âmbito governamental, chegando até as universidades e empresas privadas. Uma universidade pode adquirir um Cubesat acadêmico por $11.000, enquanto uma empresa gastaria menos de $200.000 por um comercial.

Enquanto os grandes satélites levavam de 5 à 15 anos para serem desenvolvidos, cada um com suas particularidades e componentes específicos, um Cubesat pode levar menos 8 meses do início de seu projeto até o lançamento, tendo uma vida útil de algumas horas até 5 anos, dependendo de seus componentes e da órbita onde são colocados.

SpaceBillboard.com

Os satélites demoraram para acompanhar a tendência tecnológica de redução de espaço físico de equipamentos, mas os Cubesats estão vindo para ficar. Podendo ser utilizado para pesquisas científicas, testes e desenvolvimento de tecnologia, observação da Terra e do clima, comunicação e IoT, defesa territorial e treinamento de recursos humanos, os Cubesats conseguem desempenhar diversas funções mesmo com seu tamanho reduzido.

Lançados em órbita baixa (LEO), geralmente entre 400 e 600 km, e levando por volta de 90 minutas para dar a volta na Terra, os Cubesat ainda enfrentam o problema de não possuírem lançadoras exclusivos. Colocados em órbita como carga secundária, "pegando carona" em missões de satélites de grande porte, os Cubesats acabam sendo lançados em uma órbita não ideal ou ficam aguardando um próximo lançamento. 

Dezenas de Cubesats a bordo da Falcon 9 (SpaceX)



Você pode achar que isso tudo é novo, mas já são mais de 1000 Cubesats lançados, de acordo com o Nanosats Database e previsão de mais de 3000 para os próximos seis anos. É a era dos nano satélites e o Brasil não pode ficar de fora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário